As duas pacientes que receberam partes do fígado da doméstica Tânia Mara Furtado, 41 anos, passam bem.
Tânia morreu na quarta-feira em Rio Grande, vítima de acidente vascular cerebral, e seus órgãos foram doados. No total, 10 pessoas serão beneficiadas pelo ato de Tânia.
Os médicos da equipe de Guido Cantisani, responsável pelo transplante de fígado inédito no Estado, registraram o funcionamento normal nos órgãos implantados em Vanessa Oliveira, três anos, internada no Hospital de Clínicas, e Daniele Nickel, 18 anos, que está no Hospital São Francisco.
A cirurgiã Maria Lúcia Zanatelli, da equipe de transplantes da Santa Casa e do grupo de Transplante Hepático Infantil do Hospital de Clínicas, explica que a técnica utilizada exigiu perfeita adaptação das necessidades das receptoras com as características da doadora.
Cada receptor necessita de 1% de seu peso em fígado. Vanessa, que pesa 11 quilos, recebeu 110 gramas do órgão de Tânia, enquanto Daniele, com 50 quilos recebeu 500 gramas.
Apenas 10% dos doadores no Estado possuem órgãos em condições de realizar esse procedimento. Por isso a definição dos receptores precisa ser criteriosa – disse Maria Lúcia.
A médica explica que não há prejuízo à lista de espera, pois nem todos os receptores são compatíveis com o órgão disponível. A segmentação do fígado foi realizada em um procedimento denominado cirurgia de bancada.
Outros quatro receptores apresentam evolução
O órgão é dividido fora do corpo do doador, embebido em uma solução especial a uma temperatura de 4°C. A técnica permite a utilização de 80% do fígado nos reimplantes. Se fosse dividido dentro do corpo, o aproveitamento poderia ser maior, porém o procedimento seria demorado.
Tivemos de utilizar a técnica mais rápida para não danificar os outros órgãos que também seriam transplantados – esclareceu Maria Lúcia. Após a morte de Tânia, que decidiu pela doação há um ano, nove órgãos foram retirados.
Quatro receptores transplantados quarta-feira apresentaram evoluções favoráveis em seu estado clínico. Ontem, mais dois pacientes receberam órgãos doados por Tânia. Ilda Chicon e Nélson Domingues Blanco se beneficiaram com as córneas. Ainda não foram definidos os receptores das válvulas cardíacas.
Fonte: Zero Hora
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