Cirurgiões da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre realizaram neste final de semana o primeiro transplante de fígado do Rio Grande do Sul e o 15° de pulmão. Os dois transplantados passam bem, segundo os últimos informes médicos, e receberam órgãos do mesmo doador, a estudante Lara Giovanna Fallavena Spotti, de 17 anos, que morreu devido a um acidente de moto ocorrido no último dia 13. A garota residia em Butiá e confidenciou a seus pais – poucos dias antes do acidente — que gostaria de doar o que fosse possível após sua morte. Ela se inspirou no exemplo da família da paulista Silmara Rejane Masculino de Sousa, que morreu na semana passada devido a um tiro na cabeça e cujos órgãos foram doados.
A receptora do fígado foi Marilene da Rosa, de 25 anos, que mora em Portão. Sofria de uma grave cirrose pós-hepatite e esperava uma doação há meses, conforme o cirurgião Guido Cantisani, do Hospital São Francisco, pavilhão da Santa Casa onde foi realizada a operação. Cantisani foi o chefe da equipe que fez o transplante e informou que a cirurgia iniciou às 17h de sábado e só foi finalizada às 7h de domingo.
Cerca de 20 pessoas foram mobilizadas para colocar o fígado de Lara em Marilene. “Logo que implantamos o fígado na paciente, ele começou a funcionar, mostrando que tudo corria bem até aquele momento”, recordou o médico. De acordo com ele, o transplante de fígado é um procedimento cirúrgico bastante complexo e estava nos planos da Santa Casa há sete meses, mas não apareciam doadores. Duas pessoas aguardam a oportunidade de receber um fígado na Santa Casa. Cantisani disse que a fase crítica da cirurgia são as 72 horas seguintes, quando complicações de diversas naturezas podem ocorrer. O período de internação previsto é de 30 dias.
Fonte: Zero Hora – 17 de junho de 1991
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