Marilene da Rosa, primeira transplantada de fígado do Rio Grande do Sul, recebeu alta da Santa Casa ontem. Agora ela pretende ter dois filhos e fazer uma campanha por todo o Estado em favor da doação de órgãos. “As pessoas precisam se conscientizar que tem muita gente dependendo de um transplante para viver”.
Na despedida do hospital, médicos e enfermeiras lhe entregaram flores, e uma pessoa especial veio desejar sorte: o dentista Antônio Vallandro, 39 anos, que espera um doador porque também precisa de um transplante de fígado. “Se Deus quiser ainda vou conseguir o transplante e ter alta que nem a Marilene”, disse ele. Há outros dois pacientes além de Vallandro na fila para um transplante de fígado.
TREINAMENTO – O médico Guido Cantisani, chefe da equipe de 20 médicos e enfermeiras que realizaram a cirurgia em Marilene no dia 15 de junho, que durou 12 horas, explicou que o transplante de fígado é o mais complexo de todos que são feitos no Rio Grande do Sul: coração, pulmão, rins, córneas, pâncreas. Vários médicos da equipe se especializaram neste tipo de transplante no exterior. O treinamento incluiu, de 1986 a 1989, 33 transplantes de fígado em cães e 28 em porcos.
Marilene foi para casa, em Portão, com algumas recomendações dos médicos. Ela precisa tomar três remédios que diminuem a possibilidade de rejeição e se cuidar para não ter contato com pessoas doentes.
Fonte: Zero Hora – 23 de julho de 1991/27
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