Solenidade em Porto Alegre reuniu primeiro e milésimo paciente. Apesar do número, faltam doadores de órgãos no estado.
A Santa Casa alcançou a marca histórica de mil transplantes de fígado realizados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito em uma solenidade organizada pela instituição nesta sexta-feira (18), na capital, como mostra a reportagem do RBS Notícias (veja o vídeo). O primeiro procedimento foi realizado em junho de 1991 e o milésimo há quinze dias. Os dois pacientes participaram do encontro promovido pelo hospital.
Quanto tinha 20 anos de idade, o motorista aposentado Flávio Rodrigues Gonçalves sofreu um grave acidente e acabou lesionando o fígado. Quatro décadas depois, a situação piorou. Um nódulo acabou se formando no órgão e a única solução era o transplante. Ainda em recuperação, Flávio comemora o sucesso da cirurgia.
“Eu tive de tirar um pedaço do fígado 37 anos atrás e já me prejudicou, ainda mais com o sangue que me doaram. Na época, não tinha esse negócio de fazer análise para ver se era bom ou não. Acabei pegando hepatite. Depois deu um nódulo no fígado. Me trataram para não se espalhar e foi aí que entrei na fila do transplante”, conta. Agora, ele comemora o sucesso do procedimento. “Me sinto ótimo, tranquilo, novo! Não tenho dor nem nada”, comemora.
Já Marilene da Rosa, cuidadora de idosos, sofria com problemas causados pela hepatite desde sua adolescência. Aos 24 anos, precisava de um fígado novo. “Eu tinha muita confiança nos meus médicos. No momento em que a gente tem um problema grave, valorizamos cada minuto da vida. Só quem passou por uma cirurgia dessas, quem passou por um transplante, é que sabe do que estou falando. É muito difícil superar”, afirma Marilene, que teve um filho após a operação, o que não era recomendado pelos médicos na época.
Apesar do expressivo número de mil transplantes de fígado, ainda faltam doadores no estado. A Santa Casa de Porto Alegre, por exemplo, realiza apenas metade da capacidade, que é de até dez cirurgias ao mês. De acordo com a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, foram 83 doações de fígado de janeiro a agosto deste ano, contra 111 em todo o ano de 2012.
A médica Maria Lúcia Zanotelli já realizou 46 transplantes neste ano. Ela está na equipe desde o começo e conhece as dificuldades enfrentadas pelos pacientes. “Faltam doadores. Essa é uma lacuna que temos de tentar reduzir, até porque temos condições de aumentar, triplicar esse número”, diz.
Atualmente, cerca de 1,3 mil pessoas aguardam por órgãos no estado. “A doação de órgãos deveria ser falada no colégio, na escola, no primário, para ter conscientização”, considera Marilene.
Fonte: G1 | O Sul | Diário de Canoas
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